O estudo, feito por instituto britânico, mediu o que os brasileiros sabem sobre si mesmos.
Qual a porcentagem de brasileiros com acesso à internet? As famílias
mais ricas concentram quanto da renda total do país? A cada 100 pessoas
no Brasil, quantas vivem na zona rural? O instituto de pesquisas
britânico Ipsos Mori fez esse tipo de perguntas para brasileiros. Os
palpites passaram tão longe das repostas corretas, que renderam ao
Brasil o título de terceiro país mais ignorante sobre si mesmo.
O estudo intitulado Perils of Perception
(Perigos da Percepção) foi feito com 33 nações, de todos os
continentes. O país que menos sabe sobre sua própria situação é o
México, seguido pela Índia e sobrando para nós a medalha de bronze. Na
outra ponta, o mais consciente do ranking foi a Coreia do Sul, em
segundo ficou a Irlanda, com a Polônia em terceiro para fechar o pódio.
Para fazer o cálculo o estudo produziu 12 questões, e comparou as suposições da população com dados reais. Os brasileiros se mostraram especialmente ruins em falar sobre idade. O país teve a maior margem de erro, quando perguntaram a idade media de seus habitantes (o palpite foi 56 – 25 a mais do que os corretos 31 anos). Mas nós também lideramos os erros na questão “A cada 100 pessoas, quantas você acha que têm 14 anos ou menos?”, a média dos chutes foi 39, a resposta correta seria 24.
O povo brasileiro também tem menos mulheres no poder do que imagina. Enquanto a população acreditava que 31% dos políticos fossem mulheres, o número de verdade é menos que a metade disso: 14%. Outro erro de destaque foi na pergunta “Qual a porcentagem de imigrantes no seu país?”. As respostas do Brasil apontavam que 25% dos habitantes vieram de fora. Erramos feio. Na verdade, só 0,3% da população é estrangeira.
A pesquisa foi feita entre os dias 1 e 16 de outubro, conversando com cerca de 1000 brasileiros. Se você tem certeza que tiraria uma pontuação melhor do que nossos conterrâneos entrevistados, pode tentar provar isso. Os organizadores da pesquisa disponibilizaram um quiz online, para todo mundo testar os conhecimentos sobre próprio país. Você pode acessá-lo aqui – só não vale ver as respostas antes.
Link do estudo e dados
http://perils.ipsos.com/quiz/
Para fazer o cálculo o estudo produziu 12 questões, e comparou as suposições da população com dados reais. Os brasileiros se mostraram especialmente ruins em falar sobre idade. O país teve a maior margem de erro, quando perguntaram a idade media de seus habitantes (o palpite foi 56 – 25 a mais do que os corretos 31 anos). Mas nós também lideramos os erros na questão “A cada 100 pessoas, quantas você acha que têm 14 anos ou menos?”, a média dos chutes foi 39, a resposta correta seria 24.
O povo brasileiro também tem menos mulheres no poder do que imagina. Enquanto a população acreditava que 31% dos políticos fossem mulheres, o número de verdade é menos que a metade disso: 14%. Outro erro de destaque foi na pergunta “Qual a porcentagem de imigrantes no seu país?”. As respostas do Brasil apontavam que 25% dos habitantes vieram de fora. Erramos feio. Na verdade, só 0,3% da população é estrangeira.
A pesquisa foi feita entre os dias 1 e 16 de outubro, conversando com cerca de 1000 brasileiros. Se você tem certeza que tiraria uma pontuação melhor do que nossos conterrâneos entrevistados, pode tentar provar isso. Os organizadores da pesquisa disponibilizaram um quiz online, para todo mundo testar os conhecimentos sobre próprio país. Você pode acessá-lo aqui – só não vale ver as respostas antes.
Link do estudo e dados
http://perils.ipsos.com/quiz/
Índice de ignorância Ipsos
Índice de ignorância Ipsos
Os Resultados
Segundo
a pesquisa, os brasileiros acham que a população muçulmana no País é
muito maior (12%) do que na realidade (menos de 0,1%) – França, no topo,
31% contra 7% na realidade. E se equivocam ainda mais por acreditar que
até 2050 que a religião islâmica chegará a 18% da população, enquanto
dados reais que chegará no máximo a 1%.
Perguntados
sobre a proporção da população que diz ser feliz, os brasileiros falam
em 40% enquanto estudos indicam que são 92% aqueles que se consideram
felizes.
Brasileiros
também se equivocam quanto a proporção da distribuição da riqueza: para
os entrevistados, os 70% menos ricos detém 24% da riqueza quando a
realidade é muito pior, apenas 9%.
Ainda
consideram que o Brasil é mais tolerante do que realmente é. Os
entrevistados acreditam que mais de 50% da população acham que a
homossexualidade é moralmente aceitável. Mas dados oficiais apontam que
só 39% pensam assim.
Quanto
ao sexo antes do casamento, os brasileiros sobrestimam o preconceito:
acham que 43% não aceitam – quando o dado real é 35%. E o inverso é
sobre o tema aborto: acham que 61% devem considerar moralmente
inaceitável. Dados reais indicam 79% da população.
Os
dados coletados sobre a percepção dos entrevistados foram confrontados
com diferentes fontes de informações oficiais e institutos de pesquisas
de cada um dos países.
Bombas Semióticas
Os resultados sobre os Perigos da Percepção do Ipsos Mori confirmam os resultados do atual estágio da engenharia de opinião pública, não mais focada nas estratégias hipodérmicas de repetição e doutrinação político-ideológica do passado, mas agora concentradas na detonação do que o Cinegnose chama de “bombas semióticas” que torna-se instrumento da “Guerra Híbrida” – através da moldagem da percepção por estratégias de “agenda setting” e “espiral do silêncio” criar “climas de opinião” que evoluem para “ignorância racionalizada” através dos clichês de noticiários que confundem notícia com percepção.
Os pesquisadores do Instituto Ipsos Mori apontam para alguns motivos sobre essa discrepância entre percepção e realidade:
(a) Inabilidade com números
Somos
particularmente pouco hábeis em lidar com cifras numéricas ou muito
elevadas ou muito pequenas – o que afeta nossa capacidade de pensar em,
por exemplo, distribuição de renda ou em supervalorizarmos os números
sobre gravidez na adolescência, como mostram dados sobre crimes
praticada por menores: a percepção é de 70% quando dados oficiais
apontam para 20% .
Exaltamos ou desvalorizamos determinados
temas influenciados por preconceitos e medos difundidos pela sociedade, criando
a discrepância entre percepção e estatística – as representações diárias da
mídia sobre ISIS arregimentando brasileiros em redes sociais, Oriente Médio e
terrorismo levam a uma sobre-valoração dos números do crescimento de muçulmanos
e imigrantes no país.
(b) Preconceito e “atalhos mentais”
Tendemos a pegar informações facilmente
disponíveis, mesmo que não se encaixem perfeitamente em uma questão.
O sociólogo Pierre Bourdieu já apontava a
falácia principal das pesquisas de opinião no texto “A Opinião Pública Não
Existe” partem do pressuposto que
qualquer um sempre tenha uma opinião a dar. Na maior parte do tempo, as
opiniões são compostas por um conjunto racionalizações, clichês ou frases
prontas facilmente disponíveis e sempre repetidas pela estratégia de agenda setting, facilitada pelo contexto
de monopólio midiático, como veremos abaixo.
(c) Emotional Innumeracy
(d) Mídia e o “poder da anedota”
A identificação das notícias com a percepção
(seja dos próprios jornalistas ou dos leitores e telespectadores) leva a grande
mídia a buscar personagens, narrativas ou histórias exemplares que “comprovem”
uma determinada “sensação” ou “clima de opinião” pré-existente: o repórter que
fica contando o número de pessoas em um shopping sem carregar sacolas de
compras para comprovar a crise econômica;
A história de um adolescente que caiu no
crime para fugir da família; história emocionante de luta e dedicação de um
empreendedor bem sucedido – o que cria a discrepância com os dados estatísticos
oficiais: apenas 1% dos desempregados se beneficiam das políticas públicas de
apoio ao empreendedorismo.
(e) Ignorância Racional
Conceito no qual o custo de adquirir um novo
conhecimento excede os benefícios que esse conhecimento traria.
Permanecer ignorante é racional (aqui pensada
a racionalidade associada a lei do menor esforço). Principalmente quando há
todo um movimento social e midiático de encarar a Política como uma prática em
si corrupta, dispendiosa e distante e que, por isso, não traz nenhum benefício
individual para o eleitor.
A ignorância seria uma resposta racional a um
contexto político em torno de nós, no qual temos a percepção de não termos
poder ou controle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
1) Dê a sua opinião, qualquer que seja
2) Respeite a opinião alheia, qualquer que seja
3) Mantenha-se no tema
4) Mantenha-se no campo dos argumentos
5) Não ofenda os demais participantes (isso inclui o jornalista)
6) Não incite a violência, a intolerância ou o preconceito contra ninguém, sob nenhum pretexto
7) Não use caixa alta. No mundo virtual, isso é grito
8) Idealmente, procure usar argumentos que não foram dados previamente ao longo da discussão
9) O comentarista tem a responsabilidade legal sobre o que escreveu. Use seu comentário com inteligência.