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terça-feira, 6 de junho de 2017

Onde a religião estiver tenham certeza que incautos e inocentes estarão sendo massacrados: meninas entre 4 e 12 anos sofrem mutilação genital a cada quatro minutos




A mutilação genital feminina compreende todas as intervenções que envolvam a remoção parcial ou total dos órgãos genitais femininos externos ou que provoquem sequelas nos órgãos genitais femininos


Para marcar o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, a Anistia Internacional lançou um dado assustador: a cada quatro minutos, uma menina tem o clitóris e, em alguns casos, os lábios vaginais, retirados como parte de ritual religioso ou pressão social. De acordo com a ONG, a mutilação ainda acontece em 28 países.

A Anistia Internacional calcula que 135 milhões de mulheres foram mutiladas até hoje e a cifra aumenta em dois milhões a cada ano, conforme seus informes. A OMS (Organização Mundial de Saúde), por sua vez, fala em três milhões de mutilações anuais.

A mutilação genital feminina compreende todas as intervenções que envolvam a remoção parcial ou total dos órgãos genitais femininos externos ou que provoquem sequelas nos órgãos genitais femininos, por motivos não relacionados com a saúde, segundo a AI.

“Vários estudos destacam o risco de complicações psicológicas a longo prazo, incluindo depressão, estresse pós-traumático, desordens mentais e ansiedade semelhantes aos sofridos pelas as meninas que foram abusadas sexualmente”, afirmou à Agência Efe a médica Elise Johansen, do departamento de Saúde Reprodutiva da OMS.

A médica acrescentou que inclusive as meninas que nunca tiveram uma destas complicações sofreram com dor e com uma violência que obriga a ficarem quietas durante o procedimento da amputação, o que representa um trauma.

“Mas sobretudo, elas estarão privadas por toda a vida do órgão mais sensível do corpo, o clitóris”, disse Johansen.


Tipos de mutilação

Segundo a OMS, a forma mais comum deste tipo de mutilação é a cisão do clitóris e dos lábios menores (em 80% dos casos), enquanto a mais severa (15%) é a infibulação, que consiste na extirpação do clitóris, dos lábios menores e parte dos maiores, seguida do fechamento vaginal mediante sutura.

Num longo prazo, a mutilação pode dar origem a infertilidade, infecções crônicas, relações sexuais dolorosas, complicações durante a gravidez e o parto, tanto para as mulheres quanto para os recém-nascidos. “Foi comprovado que a mutilação genital aumenta a prevalência de determinados problemas sexuais, incluindo a dor, diminuição do desejo e diminuição do prazer”, disse a médica.

Johansen explicou que, segundo estudos não publicados, 21% das mulheres que padeceram dos tipos 1 e 2 da mutilação genital — que consistem na retirada do clitóris e dos lábios, mas não da sutura da vagina — têm hemorragias depois do parto, e pelo menos 15% delas têm que ser internadas em hospitais.

“Além disso, se houve uma mutilação genital, o risco de que a criança nasça com problemas ou morra aumenta consideravelmente. A estimativa é de que entre 1 e 2 crianças em cada 100 morram porque sua mãe foi mutilada na infância”.

Idade

De acordo com Johansen, a maior parte destas mutilações é praticada quando as meninas têm entre quatro e 12 anos de idade. “Em alguns países, fazem mais cedo para que as meninas não se lembrem da dor, mas outros países fazem mais tarde porque consideram que as meninas estão mais maduras para assumir a dor”, disse.

“Os que operam tarde também fazem como parte de um ritual no qual a dor é parte do objetivo para preparar as meninas para o resto de suas vidas e inscrever em sua memória corporal os riscos e os perigos associados à sexualidade, e portanto esperam que resistam melhor as tentações sexuais”, acrescentou.

 Leiam um depoimento chocante


Muitos se perguntam como é viver com esse tipo de mutilação, passando por situações como urinar, menstruar ou ter um filho.

"A primeira vez que você nota que seu físico mudou é quando você faz xixi", diz a somali Hibo Wardere, de 46 anos.

Hibo tinha apenas seis anos quando foi submetida ao que a OMS (Organização Mundial da Saúde) classifica como mutilação "tipo 3".

Nesse tipo de procedimento, os lábios vaginais são cortados e costurados, sendo reduzidos a apenas um buraco minúsculo que Hibo compara ao tamanho de um palito de fósforo. O clitóris também é removido.
Ela cresceu na Somália, onde 98% das mulheres entre 15 e 49 anos foram submetidas à mutilação genital.

'Ferida aberta'

"Uma ferida aberta na qual esfregaram sal ou pimenta ─ era isso que parecia", é como Hibo descreve a sensação ao urinar.

"Então você percebe que a urina não está saindo da forma como costumava sair. Sai em gotinhas e cada gota é pior do que a anterior. Todo o processo dura quatro ou cinco minutos, mas a dor é horrível."

Hibo mudou-se para o Reino Unido quando tinha 18 anos e, meses depois de chegar, foi a um médico para tentar atenuar o problema.

Sem saber falar inglês, Hibo recorreu a um tradutor, que se negou a traduzir o que ela dizia. Mesmo assim, o médico conseguiu entendê-la.

Hibo então passou por uma cirurgia chamada defibulação, que amplia a abertura vaginal.

A solução não é definitiva, tampouco restaura a sensibilidade do órgão. Mas, segundo Hibo, o procedimento aliviou as dores que sentia ao urinar.

Bloqueio e trauma

Sexo também era um obstáculo, afirma ela.

"Mesmo se o médico abriu você, o que sobrou é um espaço minúsculo", relata.

"O que deveria se expandir já não está mais lá. Então o buraco que você tem é muito pequeno e sexo é muito difícil. Você tem prazeres mas é muito raro."

O trauma da mutilação também dificulta a vida de Hibo.

"Primeiro você tem um bloqueio psicológico porque a única coisa que você associa com aquela parte de você é a dor", conta.

"A outra parte é o trauma que você passou. Então qualquer coisa que esteja acontecendo lá embaixo você não vê como algo bom", acrescenta.

Números divulgados em fevereiro deste ano pela Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, estimaram em 200 milhões o total de mulheres vítimas de mutilação genital em todo o mundo. Indonésia, Egito e Etiópia concentram metade das vítimas.

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